Motivo para ir ao analista

Desenho em CC por Erika Kuhn

Nada de grandes expectativas para 2014. Sofri ano passado, quando fiz 29, todos os anseios de se chegar aos 30. Não haverá grande comoção da minha parte. Descobri um motivo para ir ao analista. De dois em dois anos renovo meus projetos profissionais. Algumas vezes são forças maiores do que eu que mudam o curso e o projeto se encerra. Mas na maioria não. Sou eu mesma que sinto que preciso mudar. Coincidências ou não, minha vida profissional é composta por projetos com duração marcada. E quando o prazo de validade expira, parece que simplesmente some a alma e só fica o corpo. Da noite para o dia, some a criatividade, as soluções, os caminhos. Tudo naquele quarto já parece montado, basta entrar ali, e fazer o que é preciso ser feito todos os dias. Não sei viver assim. Continuar lendo

Questões polêmicas

grafite - os gêmeos por Tim Sackton

Adoro questões polêmicas, daquelas que podemos ficar dias a fio pensando sobre, sem nos cansar ou chegar a uma conclusão definitiva. A mais recente questão a me inquietar foi sobre tratamento com remédios como a Ritalina em crianças diagnosticadas com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH. Uma amiga recomendou a leitura de um texto sobre o tema – A ritalina e os riscos de um ‘genocídio no futuro’É uma entrevista com a pediatra Maria Aparecida Affonso Moysés, professora titular do Departamento de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. A médica apresenta dados sobre o medicamento. O que mais choca acredito não ser a lista de efeitos colaterais (já conhecida), mas sim a informação que dos dez mil trabalhos que provaram que o metilfenidato funciona, é seguro, apenas 12 foram considerados publicações científicas! Continuar lendo

Qual a sua cor?

Estava eu num carro com três americanos. Um nascido em Porto Rico com o nome de Pablo, mas se apresentava como Paul. O outro descendente de esquimós, com a pele de cor parda, olhos e cabelo bem escuro, todo jeito de mexicano, mas que muito se ofendeu quando perguntei se era latino. O outro loiro com olhos muito azuis, morava na França, deixou os EUA nos anos 2000 por não concordar com a eleição do Bush.

Foi ele, o Loiro, quem me perguntou com muita cara de interrogação, qual a cor que eu respondia em questionários. Primeiro minha reação foi de surpresa, porque não me lembrava de ter respondido até então um questionário de qual é a minha cor (fui responder depois disso, no Censo de 2010). Continuar lendo

Errou feio, errou rude

A DC Shoes errou feio, errou rude ao fazer o boné abaixo. Todas as lojas que estão vendendo o produto, como a Netshoes (eles pararam de vender após várias reclamações), jogam suas marcas na lama junto.

1450228_4989240508230_447014450_n

Que a rixa entre os esportes existe, todos nós sabemos. Também todos sabemos que essa rixa nunca levou ninguém a lugar algum. Quem supera essas besteiras, logo percebe que skatistas e patinadores têm muito em comum e que unidos conseguem muito mais espaço, mídia e respeito para os atletas urbanos. Continuar lendo

Um véu entre as classes

Gravação sábado de manhã. Locação ao lado de um conjunto habitacional construído sobre um antigo lixão. Muro e cerca separavam o local dos curiosos. PM e guarda municipal para conter caso alguém tentasse invadir. Como que o barulho de dois carros super preparados acelerando não atrai curiosos, principalmente, crianças? E como simplesmente ignorar a presença de todas aquelas crianças em um 12 de outubro?

Lá fui eu, conversar com eles, explicar o que estávamos fazendo. Pedir para que contribuíssem, para que acessem na internet para ver o trabalho que eles estavam acompanhando. De repente, sou chamada de volta ao set e lá sou repreendida pelos policiais e administradores do local porque aquilo ali é tudo pivete, rouba em semáforo, não tem acesso a internet. Se você der qualquer atenção daqui a pouco eles estão invadindo. Continuar lendo

A estranha experiência de tirar carteira de motorista

Photo CC by State FarmAcredito que todos temos uma história para contar sobre este momento da vida. Eu enrolei até os 29 para ir até uma auto escola e me matricular para me tornar uma motorista. Sou a favor do contrário do que prega a publicidade pra todo lado, não acho que temos que ser todos motoristas. Mas resolvi que estava na hora de ter a tal carteira, então lá fui eu e me matriculei na primeira auto escola que encontrei. A primeira bizarrice foi na hora de fazer o cadastro no Detran, me entregaram um papel com uma frase retirada do código de trânsito e pediram que copiasse no meu prontuário. Acho que assim pretendiam verificar que não era analfabeta. Depois deste passei por dois ditados, acredito saberem ser um tanto falho o primeiro teste. O cadastro das digitais não foi a pior parte, mas sim ter que passar todos dos meus oito dedos cadastrados umas duas vezes todos os dias antes de todas as aulas e no final. Não sei se é porque minhas mãos suam muito, mas minhas digitais são horríveis, muito fraquinhas, como de uma pessoa velha. E agora além da portaria do condomínio, do plano de saúde, da auto escola, inventaram a votação com digital! Gostaria de saber qual a santa das pessoas com problemas de digital para fazer minhas preces para minha digital sempre funcionar na fila da votação! Continuar lendo

Elena, inesquecível!

Nem sei como descobri sobre esse documentário. Acho que foi alguma postagem no Facebook que chamou minha atenção e curti a fanpage do documentário. Antes, ou depois, não me lembro, assisti ao trailer abaixo. Depois curiosa que sou, entrei no site. Li todas as críticas. Desde então estava decidida que não poderia deixar de assistir Elena.

Recentemente o filme foi disponibilizado na iTunes Store. Comprei na hora, nem me interessei pela possibilidade de aluguel. Queria Elena pra mim. Continuar lendo

O mundo em desordem

“O mundo em desordem”, livro de Demétrio Magnoli e Elaine Senise Barbosa, deveria ser leitura obrigatória na escola ou, pelo menos, na faculdade. Pena que são tão poucos os que gostam de ler e menos ainda os que gostam de história. Mas se você é desses poucos que curtem uma boa leitura e também quer entender melhor o mundo ocidental como é hoje, você precisa ler logo deste livro! Os autores analisam os acontecimentos do século XX a partir de do estudo de dois conceitos que dominaram o pensamento político e econômico a partir da Revolução Francesa, a Liberdade versus a Igualdade. E nas mais de 400 páginas você vai entender porque não encontramos a outra bandeira da Revolução Francesa na capa do livro, a fraternidade ficou esquecida ou um tanto escondida no período de 1914 a 1945, de que tratam neste livro que prometem ser apenas o primeiro volume.  Continuar lendo

Não falta clareza, falta vontade de enxergar

infográfico manifestações

Apesar de ler e ouvir comentários sobre como muitos estão perdidos, principalmente os governantes, sem entender o que afinal esperam as pessoas que tomam as ruas, vejo com certa clareza o que está acontecendo, acho inclusive que era quase que inevitável. Hoje, quinta-feira, 20 de junho, mais de 100 cidades brasileiras tiveram manifestações, algumas pacíficas, outras cada vez mais violentas e, quanto mais violentas, mais reprimidas. Mais de um milhão de pessoas foram às ruas. Um jovem de 18 anos morreu em Ribeirão Preto, atropelado por um motorista que furou a manifestação de 25 mil pessoas em uma das principais avenidas da cidade. Continuar lendo

Não sei medir o tamanho da saudades

fotomarinandalu

Mariana Pimenta, Fernanda Maciel e Luciana Amormino

Já se vai quase um mês de uma notícia que abalou o meu mundo. Na hora que li a mensagem pelo Facebook não conseguia acreditar e tive a certeza que sentiria para sempre a dor da ausência da Nanda. Não foi só uma amiga que perdi, mas uma pessoa que admiro desde o dia em que a conheci. Não teve um dia trabalhando ao lado da Fernanda França Maciel em que não aprendi com ela. Trabalhávamos, aprendíamos e nos divertíamos. O que aprendi com a Nanda me moldou como profissional, são coisas que vou carregar para sempre comigo e pelas quais serei eternamente grata. Tive a oportunidade de dizer isso a ela mais de uma vez. Mas sinto como se houvesse tanto ainda para contar. Podíamos passar horas falando, um verbo que gostávamos de praticar! Conversávamos sobre carreira, vida, política, futuro, passado, família, amigos, valores, exemplos, livros, tv, notícias, história, arte, cultura, teatro, aventuras, pessoas, faculdade, escola, jornalismo… Continuar lendo