Jorge

Está todo mundo comentando né, afinal, hoje são 100 anos do seu nascimento. E como tem textos bonitos a respeito de Jorge Amado, seus livros e seu jeito de ser. Fui ler e ficou difícil segurar as lágrimas. Vou aproveitar a data para contar aqui como Jorge Amado mexeu com a minha vida.

Não foram os seus livros, li no máximo cinco ou seis obras dos 30 livros que publicou. O que mexeu comigo foi a sua história. Jorge Amado foi o primeiro escritor brasileiro a viver de seus livros e viajou o mundo para levar sua obra. E esse era o meu sonho! Ser escritora e apenas isso, viver de literatura.

Apaixonei-me por Jorge pelas palavras de Zélia, sua esposa. Dela sim, li todas as obras, livros leves e gostosos de ler que compartilhava a leitura com a minha avó.

Até que um dia resolvi escrever uma carta para a Rua Alagoinhas, 33, Rio Vermelho, Salvador. E algumas semanas depois recebo um cartão muito lindo, escrito a mão por Zélia. Eu ainda não tinha 15 anos. Respondi agradecendo o mimo. Zélia veio a BH para lançar Cittá de Roma, seu novo romance. Fui até o lançamento do Palácio das Artes, nos conhecemos rapidamente, nos abraçamos, ela se lembrou da minha carta e foi muito gentil.

Dois anos mais tarde, quando terminei de ler “Navegação de Cabotagem”, livro de memórias de Jorge Amado, resolvi escrever uma carta para o Jorge.

Era 6 de agosto de 2001, quando cheguei em casa no final da tarde de um dia inteiro de aula. Sobre a minha cama uma carta remetida a mim em nome de Jorge Amado. Duas horas mais tarde tive notícias que Jorge havia morrido. Naquela noite chorei porque nunca teria a chance de conhecê-lo. No céu, o Cruzeiro do Sul.

Jorge Amado me inspirou a escrever, a sonhar, valorizar meus amigos, a vida e o amor. Talvez, se nunca tivessem respondido minhas cartas, não me tornasse jornalista, para aprender a registrar e contar histórias.

É isso, a 100 anos nascia alguém que nunca conheci, mas mudou a minha vida.

Deixe um comentário