Antonieta

Hoje, 12 de março, minha avó completa 80 anos!

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Um dia ela me contou que teve a melhor avó do mundo. Na verdade, ela sempre me conta muitas histórias dos seus avós, dos seus pais, da minha mãe e meus tios, da BH de sua infância e adolescência, os passeios de bicicleta, os bailes de Carnaval no Minas, o footing na Praça da Liberdade, o namoro, os primeiros automóveis, o casamento, a liberdade para usar calças, a televisão e depois as cores na televisão…

Se meu avô é o meu herói, minha avó é minha trama. Foi ela quem provocou minha mente com histórias, personagens, ambientes e outros tempos. Com ela aprendi a viajar no tempo, imaginando as pessoas e os lugares de antigamente (coisa que devo admitir, faço mentalmente com muita frequência).

Nossas conversas são eternas desde que me entendo por gente, e muito provável seja dela e de toda a família Linhares que puxei o gen da falação. Não tem ouvido melhor, colo mais aconchegante e olhar mais compreensivo que o dela, e tenho certeza que é assim para todos nós,  netos, sejam da minha avó ou de outras avós.

Companheiras de shopping, de costureira, de tardes na varanda, de arrumações de armários. Minha consultora em assuntos de saúde (conhece todas as doenças, médicos, remédios), moda (arruma e ajusta minhas roupas e quando criança, costurava meus vestidos) e da vida em geral.

Ela não gosta de tirar fotos e faz a melhor torta de limão do mundo. Sabe o que eu gosto de comer e o que cada um de nós mais gosta. É capaz de saber como estamos apenas de olhar pra gente. Tem os pés mais feios que já vi na vida e as mãos mais macias que já encostei.

Ela me ensinou a fazer ponto-cruz, apesar de não ter habilidades manuais suficientes e eu gostaria que ela deixasse que eu a ensine a mexer no computador. Já foi uma evolução ela ter um celular. Talvez quando ela finalmente entender que o computador também serve para falar…

Agradeço desde quando eu entendi que normalmente as pessoas mais velhas morrem antes das mais novas por cada dia que tenho com minha avó e meu avô. Sei que deveria ligar mais, ser mais presente e que vou sentir uma falta eterna, dolorida, quando ela se for. E torço também para que ela tenha puxado o gen longa vida da minha bisavó que viveu até os 98 e foi também uma avó inesquecível até os últimos instantes.

Tenho a sensação que minha avó Neta (na certidão Antonieta) nasceu para ser vó e esse o papel que desenvolveu melhor seu potencial. Ela é uma avó 100%. Certamente é a palavra que mais combina com ela, mesmo antes dos cabelos brancos. O que minha avó me mostra é que ser avó é ser completamente feliz (e também preocupada demais). Agradeço vovó Candinha, a melhor vó que minha avó poderia imaginar, pela avó que me deixou. Ela é a raiz da minha vida.

Um comentário sobre “Antonieta

  1. Virgínia disse:

    Acho que sua avo se daria bem com a minha vó Luta… Ela também é minha trama… adorei a metáfora.
    Você já mostrou esse texto para ela?
    Beijos, Vi

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