Antonieta

Hoje, 12 de março, minha avó completa 80 anos!

In-The-Park-With-Grandmother

Um dia ela me contou que teve a melhor avó do mundo. Na verdade, ela sempre me conta muitas histórias dos seus avós, dos seus pais, da minha mãe e meus tios, da BH de sua infância e adolescência, os passeios de bicicleta, os bailes de Carnaval no Minas, o footing na Praça da Liberdade, o namoro, os primeiros automóveis, o casamento, a liberdade para usar calças, a televisão e depois as cores na televisão… Continuar lendo

Adeus

Dia 20 de janeiro de 2009, por volta das 6h da manhã, minha bisavó Luíza Iolanda (ela odiava o Iolanda, por isso assinava apenas Luíza e nunca admitia que tinha o segundo nome) Cabral Linhares faleceu. Foi a Deus.

Morte, para praticamente todo mundo, é sinônimo de tristeza, doença, acidente, desastre… Não é assim que encaro a morte da minha vó. E o Deus a quem ela tanto recorria em nome de nós todos ouviu suas preces. Primeiro, preciso adiantá-los que ela tinha muito medo de morrer, então dormia de luz acessa, pra morte não chegar e com o terço entre os dedos, sempre pedindo proteção.

O seu medo é porque ela tinha um problema muito sério de coração e com a idade, também teve problemas no estômago, pulmão, sistema circulatório. Porém, sempre foi muito lúcida e bonita e disso ela se orgulhava muito, tanto quanto enchia a boca para falar dos seus filhos, netos, bisnetos e mais recentemente, tataranetos.

Vovó Pipa, apelido dado pelos netos, ou D. Luíza, como sempre se apresentava para as pessoas, era uma mulher com personalidade muito forte. Tinha que ser do jeito dela, senão fechava a cara e era pior que criança mimada quando contrariada. Meu avô, seu único genro, a chamava de “a baronesa”, porque ela gostava de ficar sentanda em sua cadeira, dando ordens pras pessoas. Sim, ela gostava de ser bajulada, elogiada, presenteada e obedecida. E afinal, quem não gosta?

Como lembrou meu irmão, ela nasceu e morreu num dia 20. Nascida em 20 de setembro de 1911, na cidade de Miranda/MT, onde seu pai, o engenheiro Julianete Cabral, implantava linhas de telégrafos. No Mato Grosso perdeu o pai e voltou para Belo Horizonte com a mãe, D. Cândida Linhares Cabral, que na época estava grávida da Tia Ivone (minha tia bisavó, ainda viva).

E dessa família e suas aventuras ouvi histórias desde que nasci, contadas pela minha vó Pipa, sempre tão alegre e feliz em nos receber. Sua casa sempre foi o paraíso para nós quando éramos crianças, porque lá não existia “não pode”. A ordem dela era deixe os meninos fazer tudo. Sorte que éramos ajuizados e não botamos fogo na casa. Bons tempos!

E ela morreu como sempre viveu, na hora que quis. Quando ficou chato pra ela ser velha, quando não conseguia ir e vir para onde queria, quando começou a se confundir e perder a alegria de viver. Não foi nem cedo, nem tarde, mas na hora certa, sem medo, sem dor.

Acho que esse é o post mais longo que já fiz aqui no blog e, sinceramente, minha avó merecia!

P.S. Esqueci de dizer que ela também gostava de pintar e assinava como Azuil, seu nome ao contrário. Pintou até os 97 anos!